terça-feira, 25 de dezembro de 2012


PAI NATAL


 

Se eu fosse pai natal
Não vestiria encarnado
Para andar bem disfarçado
 
Entre as nuvens correria
Por esse céu tão imenso
E decerto descobriria
As sementes do bom senso
 
Com a chuva as lançaria
Para germinar na terra
Entre paz e alegria
Para pôr o fim à guerra
 
Cresciam assim trincheiras
De belas árvores frondosas
Sem os picos das roseiras
Com o perfume de rosas
 
Em cada quinta ou quintal
Toda a gente ia colher
Numa noite de natal
Os frutos do bem querer
 
E um qualquer nascimento
de menina ou de menino
Seria acontecimento
Para fazer tocar o sino
 
Trinados de aleluia
Badaladas de puro amor
No ar, uma Avé Maria
Agradecendo ao senhor
 
Um ser a mais para amar
Um ente muito querido
Mais um para ensinar
Da vida, o bom sentido
 
Era assim o meu natal
A ver-vos lá dum pinheiro
Num centro comercial
Sem dar valor ao dinheiro.

(Maria Melo em MENSAGENS DE NATAL)

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ó MORTE!


Ó Morte


 

 

 

Ó Morte, dama negra, te renego

É cedo ainda para me levares

Por muito que o futuro seja cego

Eu quero conhecer outros lugares

 

É cedo, muito cedo e eu carrego

A luz que ilumina os além-mares

Cansada, já estou, isso não nego

Mas não é tempo ainda de cantares

 

A tua sinfonia ou o teu hino

O canto da sereia o chamamento

Serei da vida só um peregrino

 

Mas tenho à minha frente o movimento

Duma rua querendo ser estrada

Que, sem mim, se sente inacabada

 
Maria Melo, no livro AO ENCONTRO DE FLORBELA.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Para este Natal, fiz terços que estão à venda por preços entre os 2€ e os 3€. Cada um é peça única e original.

sábado, 18 de agosto de 2012

PALAVRAS LÍQUIDAS

“Vou vertendo estas palavras líquidas”
Assim são as palavras sem adorno
Simples, desajeitadas ou insípidas
Despertam, ou mesmo dão-nos sono
Mas basta uma palavra fora de eixo
Desafiando os astros no espaço
Para quebrar a forma ou o contexto
De líquidas a sólidas, vai um passo.
Palavras que se deixam dedilhar
Num teclado negro, ou doutra cor
Palavras, construídas para cantar
Amor de amar, amor, chagas de dor.
Ideias fraseadas a compasso
A entornar dos dedos os afectos
Traduzem um adeus ou um abraço
Soletram, doces nomes predilectos
Como, se de puro mel as extraísse
Alinho-as nos meus versos dum poema
E conto a velha história que me disse
Que sempre uma palavra vale a pena

in  "com mote certo"